quinta-feira, 19 de março de 2009

Dueto de Amor em Quatro Estações

— Observa, no espelho…
— Se calhar, eles já estiveram juntos…
— Sim. De mãos dadas, a olhar a lua adormecer.
— Ter-se-ão abraçado?
— Olharam-se nos olhos… Sem palavras...
O silêncio era dos rouxinóis.
— Achas que eles se amaram
nas noites de luar?
— O universo foi a sua casa.
— Perderam-se, talvez, nas estrelas
que polvilhavam a noite...
— E no zumbir dos grilos,
a embalar os laranjais.


— O suor dela alimentou o mar.
— Ele foi a gaivota,
que aí matou a sede de doce.
— Ela gosta de trincar pêssegos.
— O calor das mãos dele
amadurece a pele…
— Faz amor comigo…
— Chiu! Fala baixinho.
Vais acordar o vento suão.
— Quando saberemos
se as ondas beijavam os pés?
— Amanhã ainda haverá oceano.


— Olha uma parra de ouro.
— Deixa-me escrever
a eternidade deste momento.
— O rio levou-a para longe.
— A vida precede as palavras…
— Tenho a boca pintada de romãs.
— Vejo bandos de tordos,
nos teus olhos, a voar…
— Não! Não adormeças ainda.
Falta o beijo da serpente.
— Prefiro um grão de trigo
sob a luz do pôr-do-sol.
— E eu uma nuvem cinzenta
e uma gota de mel.


— As árvores estão nuas
e erguem os braços para o alto.
— Oram em esperançosa simplicidade.
— Vislumbro lágrimas no céu…
— É só uma chuva de anjos.
— Tu és no meu corpo um poema.
— Prefiro ser um verso na madrugada.
— A madrugada é tão fria…
— Mas é branca e pacífica.
— O vento varre as letras da minha ausência.
— Com elas faço um puzzle
e pinto a distância que nos separa.
— Vem deitar-te na minha alma…



LURDES BREDA
in:
Casa Lembrada, Casa Perdida (Novembro 2008), contos, crónicas e poesia, trabalhos premiados em co-autoria, editado pela Edições AG, São Paulo, Brasil.

CAMINHOS


Amiga, dá-me a tua mão!

Quando choro de tristeza,
O teu ombro ampara-me.
Quando tenho pesadelos,
Emprestas-me o teu sonho.
Quando me esqueço de rir,
Ensinas-me a sorrir.
Quando deixo de viver,
Dás-me, de novo, a vida!

Amiga, dá-me a tua mão!


Poema: LURDES BREDA

quarta-feira, 18 de março de 2009

Feliz Aniversário, Regina !



Que a nossa amizade seja
Tão bela quanto a Lua,
Tão infinita quanto o céu,
Tão luminosa quanto o Sol,
Tão forte quanto o vento,
Tão pura quanto uma lágrima,
Tão feliz quanto mil sorrisos…

Que a nossa amizade
Ocupe toda a eternidade…

Com carinho,
Lurdes e João

quinta-feira, 12 de março de 2009

CRESCER



Há um pião, que rodopia na palma da tua mão.
É como um sol caído do infinito, a girar, a girar…
Ilumina a tua face de menino, com a esperança de mil sonhos.
Esses, que a inocência veste de riso, nas certezas, ainda vagas, do futuro.

Olhas o mundo com rebeldia e recusas uma verdade,
Que outros te dizem ser única.
Queres a tua própria revolução,
Em nome de ideais, que sabes serem os teus.
É ainda possível trilhar, sem medo, o caminho branco da paz!




Poema: LURDES BREDA
Desenho: JOÃO