terça-feira, 22 de abril de 2008

WINDSURF


lentamente a mão
alisando a textura áspera do mar
a mão plana e sem linhas definidas
um olhar interrompido
pelas rochas abertas no chão

tudo é brusco —
paredes redondas de espuma
rasgadas a contra-vento

túnel de espanto e densidade
tão intacto como se fosse de chuva seca
onda gigante de rio magoado

marés fechadas e labirínticas
por onde a minúscula figura
(anjo precipitado e marginal)
navega num equilíbrio único
de sal e esquecimento

mar cortado ao meio
por um deus que caminha sobre as águas



Regina

7 comentários:

vieira calado disse...

Bonito!
Bem escrito.
Cumprimentos

teresa g. disse...

Equilíbrios difíceis ;)

Bjinhos

Victor Oliveira Mateus disse...

Continuo a gostar... eu não tenho a culpa...

Graça Pires disse...

onda gigante de rio magoado
Excelente imagem num belo poema.
Beijos.

Magri disse...

Nunca tinha imaginado um deus a fazer windsurf.
Mas as imagens do teu poema estão uma maravilha!
Parabéns!

E um beijinho.

Anônimo disse...

labirínticos e tão fascinantes :)

beijinhos, regina.

AJO disse...

Bonito jogo de palavras...muito bonito.
BJS e boa semana