
Desenho uma janela transparente
recorto-a com mil cuidados
e emolduro com ela metade do meu corpo
Ando assim pelas ruas
com os braços poisados no parapeito da janela
por isso nada do que acontece é comigo
Eu só estou à janela
e quase sempre
adormeço com a cabeça entre as mãos
Não posso testemunhar coisa nenhum
se houver um punhal na garganta da vitima
é provável que tenha sido o vento que o lançou
Não sei de ódios nem de intrigas
apenas me sacudo quando fico cheia de formigas
Desenho: Lurdes Breda
Poema: Regina
3 comentários:
Tens que me ensinar a fazer isso. Precisava de sacudir umas formigas venenosas que andam a morder calcanhares...
Bem, desenhaste a janela, mas esqueceste de pôr uma venda nos olhos e de tapar os ouvidos. Assim, queiras ou não, estás no palco da vida, e participas na peça em cena. Que remédio!...
Bjito
Um poema cheio de ironia e humor. Gostei muito. Um beijo Regina.
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